1.1 – Causas que levam os indivíduos a se suicidarem
O suicídio em Angola tem tomado nestes últimos anos escalas preocupantes. A ideia de que muita das vezes nos vai na mente de que “quem fala não faz” não é tanto quanto verdadeira no que diz respeito às tentativas de suicídio. Muita das vezes levamo-nos pela simples e mera tendência de que aqueles que atentam ao suicídio tendem simplesmente a chamar atenção ao universo sócio-familiar; na verdade estes indivíduos precisam de ajuda e que sá de um tratamento médico, serem acompanhados por um psiquiatras.
Dos suicídios que ocorreram até então, e segundo as notícias vindas dos jornais e da televisão a maioria dos mesmos tiveram como causa o ciúme, a acusação por feitiçaria e o uso de drogas. Esta prática e mais notória frequentemente nas idades que delineiam a as fronteiras da vida, como a puberdade e a adolescência e entre a maturidade e a velhice. Porem, a faixa etária compreende genericamente dos 15 aos 44 anos.
Segundo fontes, no território angolano as províncias em que mais acontecem casos do género são: em primeiro lugar está a província da Lunda Sul, em segundo a província de Luanda e em terceiro lugar está a província de Benguela (fonte Jornal de Angola).
1.1.2 – O ciúme
Alguns dos casos de suicídio que se registaram em Angola têm como causa fundamental o ciúme. O que é que vem a ser então o ciúme?
Talvez não seja uma resposta adequada mas, no meu parecer, pode ser definida como sendo uma força que brota no mais íntimo do ser humano, por intermédio de uma tendência extrínseca. O ser humano dotado da sua fragilidade sentimental, principalmente quando se esta muito apegado a uma pessoa, isto no que diz respeito aos casais e quando se tem na mente que sem esta mesma pessoas não conseguirá viver e para chamar a atenção a esta pessoa, tenta-se fazer aquilo que no sentido vulgar chamamos de chantagem.
É de realçar que esta mesma chantagem nos últimos dos casos leva o individuo a cometer suicídio, como é o caso dos exemplos que temos vindo a observar.
1.1.3 – O feiticismo
O facto de que alguns em determinadas ocasiões serem acusados de feiticeiros tem também contribuído, ou seja, tem também em determinadas situações levado para que determinados indivíduos enveredem para o suicídio como forma de conservar a sua honra em vez de serem apontados pelo universo social de tal prática. O feiticeiro na cultura bantu é visto como alguém que possui forças sobrenaturais com poderes de fazer mal a alguém. Embora que alguns autores associem nas suas definições a “magia”, tal com o define Raul R. de Asúa Altuna na sua obra intitulada “Cultura Tradicional Bantu”[1]. Segundo fontes orais, basta se ter idade superior aos 50 anos, uma fisionomia tanto quanto temível para suspeitar que seja feiticeiro.
1.1.4 – O uso de drogas
O consumo de álcool ou de drogas está também ligada a acções ou acontecimentos que podem conduzir ao suicídio. Na nossa sociedade tem-se assistido o uso exagerado destes compostos quer por parte da juventude assim como por parte dos adultos.
O uso abusivo destes compostos, ou mesmo a sua combinação, pode revelar-se na vida de qualquer indivíduo normal que nunca tenha pensado
O consumo destes narcóticos, afecta de uma maneira, se assim for possível considerar, letal o sistema nervoso e que muitas das vezes o consumidor chega mesmo a ter visões ilusórias. Como por exemplo, indivíduos há que depois de consumirem chegam a confundir um automóvel com uma bicicleta.
No meio de tudo isto, dizer não ao consumo destes compostos é um indicador de fortaleza e não de fraqueza. Dizer não é um indicador de autoconfiança.
Outra via de evitar os perigos da dependência química é optar por actividades livres de drogas e uma maneira de concretizar isto é identificar as próprias necessidades. As drogas não são nem uma solução de permanente, nem uma forma saudável de satisfazer necessidades.
Outra forma de permanecer liberto das drogas é concentrar-se em actividades que nos proporcionem prazer. Estudos mostram que as pessoas que se preocupam com o seu bem-estar são menos propensas a prejudicar-se pelo consumo de drogas. Diz o adágio “tudo por excesso faz mal”.
1.2 - Indicadores de risco
Geralmente o suicídio não pode ser previsto, mas existem alguns indicadores de risco e que se podem resumir em:
● Tentativas anteriores ou fantasias de suicídio;
● Disponibilidade de meios para cometer o suicídio;
● Ideias de suicídio abertamente faladas;
● Preparação de um testamento, embora este não seja tão comum na nossa sociedade;
● Luto pela perda de alguém próximo;
● História de suicídio na família;
● Pessimismo ou falta de esperança.
Se tivermos em consideração a percentagem de suicídios que ocorrem no mundo inteiro e tentarmos associar a realidade angolana, chegaremos a conclusão de que quem já fez uma tentativa, tem 30% de oportunidade de repetir do quem nunca tentou. E a estes que tentaram e não conseguiram, seria urgente passarem por um acompanhamento clínico para que não cometam o mesmo fenómeno nas próximas vezes.
1.3- O papel do Estado Angolano. Passivo ou activo?
Embora que a nossa Lei Constitucional no seu artigo 20º, ressalta a protecção da vida, mas nestes casos, o Estado angolano não tem criado mecanismos para contornar os casos de suicídios que se têm verificados nos últimos anos. Neste âmbito, o papel do Estado tem sido passivo porque só actua depois do já ter tido acontecido.
Desta feita é necessário que o Estado angolano crie mecanismos que possam dar soluções concretas a este flagelo que tem vindo a crescer em Angola.
Um dos aspectos passaria pela criação de centros psicoterapeuticos, com quadros qualificados e bem remunerados para atender a casos que tentam enveredar ao suicídio.
Conclusão
Numa abordagem conclusiva, ao ter-se em conta o tema em destaque, quer seja tratado no âmbito universal assim como local, não pode ser visto mera e exclusivamente como sendo um desespero por parte da pessoa que pratica. Deve também ser encarado como sendo um problema que careça de um acompanhamento clínico, principalmente para aqueles que tentaram e não obtiveram sucessos.
Este é um fenómeno que acompanhou o homem ao longo de toda a sua história, embora pouco conhecida na comunidade primitiva e ao longo da mesma a este foi dado causas diferentes.
Um dos factores também a ter em conta para que não aconteça o suicídio é a questão da integração, visto que se a pessoa estiver bem integrado numa determinada sociedade, menor será a probabilidade de cometer o suicídio.
O uso de drogas, assim como o aparecimento de certos distúrbios psicológicos, podem ser consideradas como maiores causas que levam determinando indivíduo a se suicidar.
Transferindo este fenómeno para a nossa realidade, é de salientar que nestes últimos anos, o caso de suicídio tem atingindo proporções consideráveis e o nosso estado é chamado a dar a sua contribuição para sanar esta situação, passando pela criação de estruturas clínicas para dar atendimento a pessoas que demonstrem indícios de suicídios.
Bibliografia
GIDDENS, Anthony; Sociologia, FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN, 6ª Edição.
KIURA, Jane; GITAU, REGINA e KIURA, Andrew; A vida e o amor.
ALTUNA, Raul Ruiz Asúa; Cultura Tradicional Bantu, editora paulinas, 2006.
RODRIGUES, Luís e SAMERO, Júlio; Introdução à Filosofia, 10º Ano, Plátano editora, 4ª edição.
Fascículo de Sociologia, elaborado pela Irmã Geny, 12ª classe, do Instituto Marista “São José” Kuito - Bié, Ano de 2004.
Bíblia Sagrada.
Lei constitucional da II Republica de Angola.
Jornal de Angola.
Enciclopédia Microsoft Encarta.
Sites
Wikipédia, a enciclopédia livre.